08 novembro 2010

Minha Janela



da minha janela eu vejo os gatos tomando sol nos telhados
os pássaros em sua faina diária, as crianças a caminho da escola
os cachorros que levam seus donos para passear
ouço as maritacas de manhã, fofocando no telhado
o apito alegre do sorveteiro, o caminhão de gás assassinando Beethoven
e o chique-chique do trem de carga longe dali, indo para Jundiaí
pela minha janela passam dragões, cavalos marinhos e transatlânticos disfarçados de nuvens
e pela janela que dorme aberta nas noites de verão entra o brilho das estrelas e a luz do luar
da minha janela aprecio o céu azul, rosa, amarelo, lilás
mas fecho a janela para o céu escuro e cinzento, os ventos e as tempestades
da minha janela eu costumava ver o sol se pôr, lá no fim da cidade, onde agora há um prédio,
mas eu sei que o sol está lá e continua o mesmo então entorto um pouco o pescoço e continuo a apreciá-lo
da minha janela eu vejo a avenida e seus letreiros, carros, ônibus, motos, bicicletas
vejo gente que vai, vejo gente que vem
por ali passa um pouco da vida da minha cidade
assim como eu também diariamente passo minha vida por outras tantas janelas



arte de Monica Saenz

4 comentários:

  1. Feliz de quem tem só um prédio à frente do horizonte. Eu, que moro num 12º andar, passei a ter uma selva urbana à minha frente, vários anos depois de ter para cá vindo.
    Beijo

    ResponderExcluir
  2. Que lindo seu poema.
    QUe linda sua janela.
    QUe linda sua cidade..

    .Beijo.

    ResponderExcluir