11 julho 2011

Quase



de ti guardei os gestos vagos
os lábios semicerrados
os olhos baixos
nas flores que pendem do vaso, murchas
pesam tuas escusas

tentei equilibrar-me no quase amor sustenido
cavei sentimentos onde não havia escolhas
restaram-me bolhas nas mãos
e uma cova repleta de vinho e lágrimas
único oásis no deserto deste áspero tapete

sob a pele ainda queimam cicatrizes
em todos os matizes da dor

de ti guardei os gestos vagos
e esta palavra 'quase'
dependurada no lustre
gotejando na torneira
fazendo sombra na minha vida

espero as novas estações
quem sabe uma reinvenção do corpo
ou então uma inversão do olhar

por via das dúvidas
deixo teu prato e garfo sobre a mesa


arte de Mark Demsteader


2 comentários:

  1. pois é.

    olha que coisa...

    acabo de ler Flora Figueiredo no Guardador

    Não deixe portas entreabertas.
    Escancare-as
    ou bata-as de vez.
    Pelos vãos, brechas e fendas
    passam apenas semiventos,
    meias verdades
    e muita insensatez.

    Garfo e faca na mesa podem ser considerados semiventos?

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