03 fevereiro 2012

O amor e seus mistérios

 

o amor vai por caminhos sinuosos
esbarra em farpas, fere-se e fere, sangra
afoga em profundezas abissais
ergue-se febril sobre as nuvens
encosta na pele, queima 
isola-se incompreendido
recua, vacila e chora 

o amor carrega pedras
arrasta pés esfacelados
enterra suas dores 
em jardins floridos
desembaraça futuros
funde em forja as memórias
deixa pegadas nas ilusões

o amor dorme em lençóis de pétalas
e acorda nos olhos dos amantes
tem sempre as mãos estendidas
ainda quando atadas
preenche os vãos entre as estrelas
colore de alfazema as auroras

amor que é ausência abre fendas
por onde escorrem alegrias
é treva imensa e luz absoluta
fruto que abre em sumo quando amadurece
flor que envenena quando amarga

o amor pode ser tudo e pode ser nada
caso interesse sondar além os seus mistérios
considere elevar uma prece
à voz do vento
à alma de uma fada
aos olhos de uma criança
ou ao livro do tempo
 
 
arte de Lena Sotskova
 
 

2 comentários:

  1. "O amor pode ser tudo e pode ser nada". É isso!
    Beijos

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  2. Lendo e lendo e sentindo o amor
    em veredas e vertentes
    O Amor supremo em atos pequenos como tudo ou nado. Feito e refeito em atos. Em vida.

    Não sei falar. Sentir as palavras no momento me cala.

    belo, Poetisa.

    Abraço.

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