29 maio 2012

Tempestades


Muito embora seus crimes me tivessem tocado tão de perto, em meu auxílio chamo a nobre razão, para sofrearmos de todo minha cólera. É mais nobre o perdão que a vingança. Estando todos arrependidos, não se estende o impulso do meu intento nem sequer a um simples franzir do sobrecenho. (A Tempestade, de W. Shakespeare)


coração partido, pisado, esmagado
debruçado sobre o passado
mergulha em seu holograma
fascinado pelo próprio drama


no lodo abalado jaz envolvente
desfigurada noção de presente
entorpecido por tanta blasfema
em que o ódio é própria algema


então se desfaz o sentimento impuro
que lhe castra o sentido de futuro
dissipa-se a imunda bruma
graça e perdão preenchendo a lacuna




arte de John William Waterhouse

2 comentários:

  1. Conseguiste capturar essa tormenta com maestria.

    Grande beijo

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  2. Quantas pessoas conhecemos que vivem nesses estados do tempo. Estacionadas no passado.

    Pergunte-me sobre isto depois, irmã.

    Beijo.

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