Três filhas teve José:
Maria da Graça
Maria da Graça
Maria das Dores
Maria do Céu
Como homem de fé
que a esperança abraça
cultivava valores
sem mágoas, sem fel
Na casinha de sapé
o caminho traça
de seus três amores
seus favos de mel
Sonha tanto o pobre José
levado pela cachaça
imagina seus bens maiores
santas de terço e de véu:
Maria da Graça
- a sorte e a fortuna enlaça
Maria das Dores
- sucesso nos palcos e bastidores
Maria do Céu
- diplomada e bacharel
Ah, amigo, a sorte não é pra ralé
o destino é uma trapaça
vê a sombra dos traidores
ouve o guizo da cascavel
Montado em seu pangaré
José nem percebe a ameaça
dos danados matadores
pra quem sua vida é troféu
Por conta de um cafuné
atraiu essa desgraça
o ciúme e seus vapores
provocou no coronel
E agora, José?
A vida virou fumaça
as filhas não têm mais favores
vão os sonhos pro beleléu
O destino foi contra a maré
o futuro virou quiçaça
Marias e seus amargores
uma história de cordel
Três filhas teve José:
Maria da Graça
pede esmola na rua e na praça
Maria das Dores
cata lixo pelos arredores
Maria do Céu
ora no inferninho, ora no motel
Nenhum comentário:
Postar um comentário