28 fevereiro 2013

O que tu dirias, Gonçalves Dias?




Tupã desenhou um emaranhado
de rios no grande verde brasileiro
espalhou pássaros pelo ar
bichos grandes e pequenos
gente colorida pela paisagem
gente que planta, caça e pesca
gente que dança e bate os pés na terra
gente que tem poesia no nome

Xavante Guarani
Kayapó Canela Kaiabi
Waiwai Kuikuro Yanomami
Timbira Guajajara Karajá
Avá-Canoeiro Tupi Makuxi

o rio canta os mantras dos ancestrais
a floresta é a mãe que abraça
valentes guerreiros
sábios xamãs
filhos das matas
“meninos, eu vi!”

meninos, eu vi
o homem da cidade
matar e excluir
desmatar e destruir
os rios e os homens das florestas
eu vi o homem da cidade
com o brilho da cobiça no olhar

“Tupã, ó Deus grande! descobre o teu rosto”
eu te peço e imploro
“por este sol que me aclara”
pela pátria que mora em meu peito
pelos irmãos pelas matas pelos rios
abre os olhos dos homens vazios

homem napëpë
escuta as vozes das árvores
que choram o assovio da morte
protege a riqueza do chão e do ar
respeita a floresta e os animais
homem branco
deixa o rio fluir
deixa o índio em paz


(imagem de Rita Barreto)



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