29 abril 2014

Torvelinho

arte de William Blake

é o tempo que nos cultiva
as flores e os espinhos
sozinhos ou algemados
as flores são passatempo
os espinhos contratempo

e os olhos destemperados
acusam tal torvelinho
da inocente alma que erra
nessa guerra temporal

pobre vida em desalinho
no cadinho em que se encerra
por toda a vida na terra
desce morro sobe serra
qual cavaleiro templário

percival imaculado
espírito abnegado
a buscar o seu graal

na extemporânea aventura
desconhece a arquitetura
do mestre que solitário
esculpe-nos cintilante
a pedra filosofal

germinal cálice errante
vai o néscio diligente
sem entender que o caminho
temporário e tão mesquinho
não lhe pertence afinal

pois é do tempo a semente
e o homem recipiente
do alquimista universal



Um comentário:

  1. Maravilha, Helen. Há, sempre, sabedoria em seus versos. Obrigada. Um beijo.

    Paz e bem!

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