30 junho 2014

Rio Noturno

arte de Mikko Lagerstedt


risco escuro que trespassa a mata
em sussurante e lento cantar
o rio noturno murmura o medo
como assombro de vozes antigas

revela sombras e espectros 
em dança inquieta contornando árvores

peregrino  
consome olhos na geografia da noite

a noite 
desdobra-se líquida em seu fluxo profundo

o rio noturno tem a chave 
dos porões das mémórias 
de mágoas estagnadas

em suas águas 
refletidas 
as estrelas tremulam 
e anseiam a manhã

soturno viajante
o rio noturno traz uma outra vida
de solidão e negrume de pedras
dos olhos da madrugada
de aves de trevas e umbrais

2 comentários:

  1. Lindo, Helen. Lido como poema e como prosa e sentido na pureza da boa poesia. Destaco: "em suas águas
    refletidas
    as estrelas tremulam
    e anseiam a manhã." Parabéns, sempre. Fã! Beijão, poetisa.

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  2. Gosto dos "olhos da madrugada"!
    Um beijo

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