25 outubro 2014

Nós




na minha mão aberta há um vão
o encaixe certo da sua mão
e quando as pernas se enroscam
penso que encontramos a estética 
perfeita do amor
o que sobra em você 
é o que falta em mim
e nossas almas de mel
adoçam beijos e olhares

mas há dias em que o amor
é tão impreciso
que meu coração faz barulho
de arrastar de móveis
como se o caminhão de mudanças
estivesse à porta
há dias em que as mãos se espalmam
por não suportarem o peso dos sonhos
e o silêncio recolhe as mentiras
que ardem nos olhos como fumaça

nessa inquietude entre fuga e entrega 
entre sombra e paraíso
espreito o futuro com olhos de esperança 
de que um dia deixaremos de ser os nós
para sermos somente nós

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