15 fevereiro 2016

Cápsula do Tempo



meu coração antigo
revolve areias no fundo do oceano
refaz templos esquecidos

bate às portas do Oriente
folheia os livros sagrados
conversa em vão com Sofias

sobe alterosas colinas
e se deita atrevido
sobre pedras de um castelo mouro

aporta exausto
nas praias de Ítaca
após incontáveis combates

rebela-se contra a indignidade
e proclama em nome do cálice
menos Marx e mais Blavatsky

deita-se sobre a rosa dos ventos
e busca nos quatro elementos
a liberdade espiritual 

meu coração antigo
me avista gentil do futuro
e ri-se de minhas frustrações

sabe onde se abriga a deusa
onde embainho a espada
onde repousa o cavaleiro

senta-se com o mensageiro
enreda-se entre serpentes
discute com os guardiões

meu coração antigo
tem sede de mar e tempo 
viaja aos confins de si mesmo
traz uma rosa nas mãos



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