25 julho 2018

Resiliência ou o pé do hippie


De vez em quando surge uma palavra, um conceito novo no vocabulário geral e a gente vai lendo aqui, ouvindo ali, tentando entender o significado. Foi assim com a palavra “resiliência”. O conceito de resiliência foi emprestado da física, significando a propriedade de voltar ao estado anterior depois de suportar pressão, como um elástico, por exemplo. Referindo-se a pessoas, resilientes são aquelas capazes de superar problemas, resistindo a pressões e recuperando-se rapidamente. 

Pensando nesse conceito, podemos nos lembrar de inúmeros exemplos de pessoas bem sucedidas que “comeram o pão que o diabo amassou” para chegarem ao topo, outras que dão a volta por cima em qualquer situação, sacodem a poeira e transformam as adversidades em aprendizado, ou que conseguem se manter serenos e bem humorados em situações de grande estresse. 

Vai daí que me lembrei de um fato que ilustra bem o que é ser resiliente. Aconteceu em São Thomé das Letras, Minas Gerais. Estava passando um fim de semana na cidade e depois de tomar banho nas lindas cachoeiras de lá, fomos eu, minha irmã e minha filha a uma feirinha que acontece na praça da igreja.

Estávamos admirando os artesanatos, bijuterias, casinhas feitas com pedras típicas da cidade. O tempo não estava bom, nublado e com expectativa de chuva, mas eis que o aguaceiro despenca de repente, surpreendendo a todos. Foi um corre-corre danado, de turistas e feirantes recolhendo seus pertences. Eu (que já sou um tanto atrapalhada) me vi no meio da correria e achei que deveria correr também. Nesse momento dei um encontrão com um hippie que tentava salvar suas bijuterias da chuva, e pisei no pé dele, que calçava havaianas. Não só foi um pisão com a força de quem corre da chuva, mas de quem está de sandália de plataforma e pesa uns quilinhos a mais do que deveria. Frente a frente com o dito cujo, esperando o maior xingamento da parte dele, ele me olha na maior calma, sorri e diz: “Ai, que delícia!”

Nunca mais me esqueci da reação do hippie da praça de São Thomé, e acho que maior exemplo de resiliência que esse nunca vi.


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