02 dezembro 2018

das humanas aflições


um campo assim tão vasto
a pele espalha seu assombro como chão
um vento assim tão casto
sopra segredos em cansaço e aflição

quisera buscar raízes nesse solo ralo
perderam-se em sombras divergentes
como a morte que se apresenta a cavalo
e acena falsos olhos complacentes

os braços cruzados o sonho mal passado
nada de novo no front ou na fronte
apenas esse pequeno som indelicado
assoma da montanha no horizonte

algum pássaro perdido em revoada
irrompe no inverno opaco e arrepiante
insiste como goteira na madrugada
seu guincho soturno e excruciante

a lua não me deve e também não me abriga    
esquivo-me de sua luz como do sol no deserto
regresso e recolho em mim a dor antiga
que não me esquece nem eu a ela decerto

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