27 julho 2010

Beco



há livros na estante
que me observam
e me incomodam
numa aflição desmedida
que há para ser dito
que já neles não resida?
presa no beco escuro
fogem de mim as palavras
tento ouvir o rumor do mar
a vida além do muro
o canto das sereias
os gritos das aves
meu sangue nas veias
persigo sonhos e saudades
só encontro
a insônia no sonho
a invenção na saudade
os dedos cheios de nós
a alma cheia de entraves
o coração refratário
um cansaço no corpo
opto pela solidão
guardo-me no armário
até chegar o verão



arte de Nilgun Alkiol

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