21 março 2012

O que sobra


sei do tempo que nos acompanha cortando a pele como lâmina fria
sei da melancolia que ocupa a mão vazia de sonhos
e do silêncio que queima a fome no prato vazio
da mãe que não encara um filho nos olhos por não saber dar explicações

foram-se os dias em que precisava da altura
para contemplar futuros
é nesses planos terrenos em que estamos
comprimidos pelas mesmas ausências
que choro as escassas compreensões

tão poucas são as mãos que se estendem
tão poucas as razões que se entendem
tão poucos os pés no chão

o orgulho do homem se dissolve na fumaça
que o próprio homem produz quando queima sua alma
recolho o verbo o silêncio e o assombro
o que sobra nem nome tem


arte de Katelyn Alain

4 comentários:

  1. Intenso. Ferido. Vazio.
    Belo!

    Linda Poesia, Poetisa!


    "a melancolia que ocupa a mão vazia de sonhos"
    "o silêncio que queima a fome no prato vazio"
    "choro as escassas compreensões"

    tão poucas são as mãos que se estendem
    tão poucas as razões que se entendem
    tão poucos os pés no chão

    o orgulho do homem se dissolve na fumaça
    que o próprio homem produz quando queima sua alma
    recolho o verbo o silêncio e o assombro
    o que sobra nem nome tem

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  2. tempo

    inquinado



    [magnífica
    forma de urdir
    a palavra]

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  3. Querida(o) amiga(o). Estou fazendo uma Campanha de doações pra ajudar os jovens rapazes que estão internados no Centro de Recuperação de Dependentes Químicos onde meu filho está interno também.Lá tem jovens que chegam só com a roupa do corpo,abandonados pela família. Eles precisam de tudo:roupas masculinas,calçados,sabonetes,toalhas,pasta de dentes,escovas de dentes,de um freezer, Roupas de cama,alimentos. O centro de recuperação sobrevive de doações,são mais de 300 homens internos.Eles merecem uma chance. Quem puder me ajudar pode doar qualquer quantia no Banco do Brasil agência 1257-2 Conta 32882-0

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