13 outubro 2012

Para onde vão os poetas quando morrem?



para onde vão os poetas quando morrem?

não aqueles das academias, dos fardões
rígidos e engomados nas cadeiras
esses já ganham a imortalidade
antes de pendurarem as chuteiras

falo desses poetas que andam pelas ruas
fazendo poema efêmero e transeunte
que se atrevem a soltar seus versos
mesmo que ninguém assunte

será que ficarão presos aos postes 
como restos de pipa ou cadarços de sapato
quem sabe jogados ao lado da lata de lixo
como bolotas de papel amassado?

falo desses anjos desvairados
que andam por praça, igreja, botequim
que nascem com poesia estampada na alma
e não de um versador qualquer chinfrim

que será feito de sua poesia essencial
quando fecharem os olhos pela última vez?
quem arquivará uma vida toda de lirismo
quem chorará o poeta em viuvez?

talvez voem pelo céu feito nuvem ou estrela 
inspirando uma trova, um soneto ou um haikai
quem desata o fio de prata de um poeta?
quem etiqueta a mala do trovador que se vai?



(imagem da Net - desconheço a autoria)

Um comentário:

  1. Lindo, flor de luz...

    Digo aqui o que disse acolá:
    "Se ficarão pendurados nos fios e postes, esquecidos, empoeirados...
    ...penso que voarão após o fechar dos olhos, serão faíscas brilhantes o decadentes no céu... serão inspiração para os inspiradores, ou a própria dor do amor, do botequim. um querubim de luz e versos, no inverso do interior poético...

    Assim devaneio"

    Fã, xeros

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