25 dezembro 2019

o poeta recolhe as palavras

arte de Leigh McCloskey

beija o amanhecer
uma tão frágil luz
como se a manhã
despertasse com frio
puxando as cobertas sobre si

há todo um futuro lá fora
entre as nuvens 
e o tímido sol

mas o poeta recusa a palavra
que possa retratar
a vertigem
de dias obscuros

queda-se em oração
a algum fantasma 
ou algum deus que desate 
as angústias e ruínas 
de uma obtusa humanidade

olhos fixos no céu aguarda
a argumentação do divino

a manhã já vai a meio
e só lhe acomete uma lágrima

somente isso
uma lágrima
a sustentar o mundo


3 comentários:

  1. A imagem é linda, me fez pensar em Klimt. O poema também é muito bonito, especialmente os versos finais. Um abraço.

    ResponderExcluir
  2. Olá, boa noite!
    Gostei do seu poema suave, mas com sentido!

    Saudações poéticas|

    ResponderExcluir
  3. alicerçar o horizonte no caminho da Esperança!

    ResponderExcluir